Processo de urbanização mundial
Nem sempre o homem habitou em
cidades, os primeiros habitantes eram nômades, portanto não tinham residência
fixa e viviam da caça, pesca e coleta, posteriormente deixaram essa condição
para se tornarem produtores.
As primeiras cidades surgiram
milhares de anos antes da Era Cristã, com destaque para Jericó, Ur, Damasco e,
na América do Sul, Tiahuanaco (atualmente território da Bolívia). No entanto,
podemos dizer que o processo de urbanização das sociedades propriamente dito ocorreu
a partir do início do Capitalismo Comercial, intensificando-se com o passar dos
tempos, sobretudo após as revoluções industriais.
Por esse motivo, é possível dizer
que a urbanização é a representação da modernidade, pois ela proporciona uma
transição social fundamentada no setor primário para os setores industrial,
comercial e de serviços. A divisão social e territorial do trabalho tende a
intensificar-se à medida que as relações econômicas tornam-se mais complexas. O
espaço urbano é, pois, a expressão mais dinâmica do espaço geográfico, pois
representa uma aglomerado de práticas culturais, sociais, econômicas e outras
em espaços justapostos entre si.
Existem dois principais tipos de
fatores que se associam ao processo de urbanização: os fatores atrativos e os
fatores repulsivos.
Fatores atrativos: ocorrem pela
urbanização causada pela atração da população do campo para as cidades em busca
da maior oferta de emprego gerada pela industrialização, além da existência de
melhores condições de renda e de vida. O rápido e fácil acesso a produtos, bens
de consumo e serviços, como escolas e hospitais, além de uma maior interação
cultural, também pode ser listado como um fator atrativo da urbanização.
Fatores repulsivos: ocorrem
quando a urbanização acontece pela “expulsão” ou afastamento da população do
campo para as cidades, com uma migração em massa que chamamos de êxodo rural ou
“migração campo-cidade”. Dentre os fatores repulsivos da urbanização, podemos
citar a concentração fundiária (muita terra nas mãos de poucos), os baixos
salários do campo, a mecanização das atividades agrícolas com a substituição da
mão de obra, entre outros.
Os países desenvolvidos foram os
primeiros a urbanizar-se, com a maior presença de fatores atrativos. Com a
Revolução Industrial, ao longo do século XVIII, cidades como Londres e Paris
transformaram-se em grandes centros urbanos, porém com uma grande carga de
problemas sociais e miséria acentuada, questão que só veio a ser atenuada pelas
reformas urbanas no século seguinte.
Já os países subdesenvolvidos e
emergentes só conheceram uma urbanização mais intensificada a partir de meados
do século XX, e muitos territórios ainda estão em fase inicial desse processo.
Os principais fatores são os repulsivos, como a mecanização do campo e concentração
de terras, além de alguns fatores atrativos, como a industrialização realizada,
predominantemente, pela instalação de empresas multinacionais estrangeiras.
A partir de então o homem foi se
aglomerando em centros urbanos e desenvolvendo atividades econômicas. Sendo
assim, o processo de urbanização tem duas fases marcantes, a primeira ocorreu
com a Revolução Industrial no fim do século XVIII, esse acontecimento provocou
uma enorme migração, pessoas que habitavam áreas rurais saíram rumo às cidades,
mas isso aconteceu somente nos países envolvidos na revolução e não em escala
planetária. A segunda aconteceu após a II Guerra Mundial, mas essa não foi
motivada pela industrialização, houve um êxodo rural em massa desencadeado pelo
fascínio urbano, melhores condições de vida, oportunidades de estudo e
trabalho.
O processo de urbanização ocorreu
essencialmente pelo deslocamento de pessoas oriundas das zonas rurais em
direção às cidades, que são caracterizadas pela aglomeração de pessoas em uma
área delimitada e pela atividade produtiva, que deixa de ser agrícola para se
tornar industrial, comercial; e também pela realização de prestação de
serviços.
Esse processo não sucedeu
simultaneamente no mundo, haja vista que os países industrializados já haviam
atravessado esse período, no caso dos países em desenvolvimento e de
industrialização tardia, o crescimento urbano acontece atualmente de forma
acelerada e desordenada. A falta de planejamento urbano tem favorecido a
proliferação de graves problemas, tais como a favelização, falta de
infraestrutura, violência, poluição de todas as modalidades, desemprego e
muitos outros.
Os índices de pessoas que vivem
em cidades oscilam de acordo com o continente, país e áreas internas, uma vez
que a África possui 38% de seus habitantes vivendo em cidades, na Ásia são
39,8%, na América Latina 77,4%, na América do Norte 80,7%, na Europa 72,2% e na
Oceania 70,8%. Em outra abordagem, tomando como princípio os países ricos e
pobres, existe uma enorme disparidade quanto ao percentual de população urbana
e rural. Na Bélgica, por exemplo, 97% das pessoas vivem em centros urbanos
enquanto que em Ruanda esse índice cai para 17%.
O fenômeno da urbanização
produziu cidades cujo número de habitantes supera os 10 milhões, essas recebem
o nome de megacidades ou megalópoles como, por exemplo, Tóquio (Japão) com 35,2
milhões de habitantes, Cidade do México (México) com 19,4 milhões, Nova Iorque
(Estados Unidos) com 18,7 milhões e mais tantas outras cidades espalhadas pelo
mundo.
Urbanização brasileira
As raízes da urbanização
brasileira são decorrentes da história, os primeiros centros urbanos surgiram
no século XVI, ao longo do litoral em razão da produção do açúcar, nos séculos
XVII e XVIII, a descoberta de ouro fez surgir vários núcleos urbanos e no
século XIX a produção de café foi importante no processo de urbanização, em 1872 a população urbana era
restrita a 6% do total de habitantes.
Posteriormente, no início de
século XX, a indústria foi um instrumento de povoamento, a partir da década de
1930, o país começou a industrializar-se, como o trabalho no campo era duro e a
mecanização já provocava perda de postos de trabalho, grande parte dos
trabalhadores rurais foram atraídos para as cidades com intuito de trabalhar no
mercado industrial que crescia. Esse êxodo rural elevou de forma significativa
o número de pessoas nos centros urbanos. Atualmente 80% da população brasileira
vive nas cidades, apesar disso o Brasil é um país urbano, industrial e
agrícola. Ao longo das décadas a população brasileira cresceu de forma
significativa, ao passo desse crescimento as cidades também tiveram sua
aceleração em relação ao tamanho, formando imensas malhas urbanas, ligando uma
cidade a outra e criando as regiões metropolitanas (agrupamento de duas ou mais
cidades).
O crescimento desenfreado dos
centros urbanos provoca conseqüências, como o trabalho informal e o desemprego
decorrente de sucessivas crises econômicas. Outro problema muito grave
provocado pela urbanização sem planejamento é a marginalização dos excluídos
que habitam áreas sem infra-estrutura (saneamento, água tratada, pavimentação,
iluminação, policiamento, escolas e etc.) e junto a isso a criminalidade
(tráfico de drogas, prostituição, seqüestros etc.). A falta de um plano diretor
não só demanda problemas sociais como também provoca alterações ambientais, um
exemplo dessa realidade é a poluição do lixo, milhões de pessoas consomem e
produzem os mais diversos detritos que diariamente são depositados em lixões a
céu aberto sem receber nenhum tratamento, esse lixo transmite doenças, polui o
lençol freático. Outra poluição presente nas cidades é a atmosférica,
proveniente da emissão de gases de automóveis e indústrias, esses gases
provocam problemas de saúde, principalmente respiratórios e, por fim, a
poluição das águas, pois os dejetos das residências e indústrias são lançados
sem tratamento nos córregos e rios, no período chuvoso ocorrem as cheias que
dispersam a poluição por toda a área.
Em suma, percebe-se que a maioria dos
problemas urbanos é primeiramente de responsabilidade do poder público que
muitas vezes são omissos em relação a essas questões, em outros momentos
podemos apontar a própria população como geradora de problemas, como o lixo que
é lançado em áreas impróprias. Na verdade, a tarefa de fazer com que a cidade
seja um lugar bom pra se viver é de todos os que nela habitam.
As empresas transnacionais
preferiram se instalar nas cidades em que a concentração populacional fosse
maior e de melhor infra-estrutura, dando origem às grandes metrópoles. A
industrialização gerou empregos para os profissionais qualificados, expandiu a
classe média e o nível de consumo urbano. A cidade transformou-se num padrão de
modernidade, gerando o êxodo rural.
A tecnologia e o nível de
modernização econômica não estavam adaptados à realidade brasileira. A migração
campo-cidade gerou desemprego e aumento das atividades do setor terciário
informal. O modelo de desenvolvimento econômico e social adotado no Brasil a
partir dos anos 50 levou a um processo de metropolização. Ocorrência do
fenômeno da conurbação, que constituem as regiões metropolitanas (criadas em
1974 e 1975).
Problemas ambientais urbanos:
O desenvolvimento e o crescimento
dos centros urbanos muitas vezes não ocorrem de maneira planejada, ocasionando
vários transtornos para quem os habita. Alguns desses problemas são de grandeza
ambiental e atrapalham as atividades da vida humana nesses locais. Esses
problemas ambientais são causados por diversos fatores antrópicos. Abaixo estão
relacionados alguns desses problemas:
Poluição do ar:
A poluição atmosférica é causada
pela emissão de gases poluentes no ar, como monóxido de carbono (CO), dióxido
de carbono (CO2), dióxido de enxofre (SO2), entre outros, causando problemas
para a saúde e para o meio ambiente.
Esses gases poluentes são
produzidos pelas indústrias e automóveis. Sua concentração na atmosfera causa
um fenômeno conhecido como smog, que é uma fumaça ou neblina poluente
localizada na superfície das cidades e que pode causar doenças respiratórias.
Fumaça das chaminés das
indústrias e dos carros causando poluição do ar.
Poluição das águas:
A situação dos rios e córregos é
preocupante, pois a poluição das águas afeta diretamente a saúde da população.
Uma grande quantidade de lixo e esgoto é jogada nos rios, em razão da
irresponsabilidade das pessoas, da falta de coleta de lixo e tratamento de
esgoto.
Lixo nos rios e córregos
Ilha de calor:
É o aumento da temperatura em
determinadas partes de uma cidade, na qual a região com maior concentração
predial, asfalto, vidros e concreto tem maior temperatura; enquanto que em
outra parte da cidade, que tem mais áreas verdes, a temperatura é menor, com
variações de até 10° C no mesmo dia.
Inversão térmica:
É quando a poluição do ar impede
a troca normal de temperatura do ar na superfície, ou seja, o ar frio e pesado
(por causa das partículas da poluição) fica em baixo e o ar quente e mais leve
fica em cima.
Inversão térmica: partículas de
poeira e poluição na superfície
Efeito estufa:
Fenômeno causado pelo aumento da
temperatura no planeta em virtude dos gases poluentes emitidos pelas cidades. A
camada poluente impede que o calor da atmosfera se dissipe. É chamado de
estufa, pois o planeta mantém a temperatura aquecida.
Erosão:
Causada pelo uso e pela ocupação
irregular de áreas de preservação ambiental nas grandes cidades, como encostas,
margens de rios, excesso de peso das edificações, compactação do solo, etc.
Chuva ácida:
Causada pela poluição do ar, em
que os gases poluentes reagem com a água da umidade do ar, ocasionando chuvas
com presença de componentes ácidos e prejudicando plantações, edificações,
automóveis e o ser humano.
Enchentes e desmoronamento:
As chuvas nas cidades podem
causar enchentes e desmoronamentos, destruindo edificações e matando pessoas,
em razão da ocupação irregular, pois as águas das chuvas não têm para onde
escoar.
Falta de áreas verdes:
O desmatamento em áreas urbanas
causa aumento da temperatura e agrava a poluição do ar.
Poluição visual e sonora:
As propagandas excessivas e o
barulho alto dos grandes centros podem causar transtornos psicológicos na
sociedade.
Migrações internas
Dentre os fatores que influenciam
os processos migratórios, o trabalho é o preponderante. Esse movimento pode
ocorrer dentro de um mesmo país, estado ou município. São as chamadas migrações
internas, que são aquelas em que as pessoas se deslocam dentro de um mesmo
território.
Dentre as migrações internas
temos os seguintes movimentos:
Êxodo rural: tipo de migração que
se dá com a transferência de populações rurais para o espaço urbano. As
principais causas são: a industrialização, a expansão do setor terciário e a
mecanização da agricultura.
Migração Urbano-Rural: tipo de
migração que se dá com a transferência de populações urbanas para o espaço
rural. Hoje em dia é um tipo de migração muito incomum.
Migração urbano-urbano: tipo de
migração que se dá com a transferência de populações de uma cidade para outra.
Tipo de migração muito comum nos dias atuais.
Migração sazonal: tipo de
migração que se caracteriza por estar ligada às estações do ano. É uma migração
temporária, onde o migrante sai de um determinado local, em determinado período
do ano, e posteriormente volta, em outro período do ano. É conhecida também de
transumância. É o que acontece, por exemplo, com os sertanejos do Nordeste
brasileiro.
Migração pendular: tipo de
migração característico de grandes cidades e regiões metropolitanas, no qual
centenas ou milhares de trabalhadores saem todas as manhãs de sua casa (em
determinada cidade) em direção ao seu trabalho (que fica em outro município),
retornando no final do dia.
Nomadismo: tipo de migração que
se caracteriza pelo deslocamento constante de populações em busca de alimentos,
abrigo etc. Esse tipo de migração é típico de sociedades primitivas e por conta
disso encontra-se em extinção.
Migrações internacionais
Migrações internacionais são
movimentos de saída e chegada de pessoas entre países. É importante ressaltar
que o termo migração internacional pode ser subdividido em emigração (refere-se
a pessoas que saem do país) e imigração (refere-se a pessoas que entram no
país). Os impulsos migratórios são, geralmente, motivados por questões
econômicas: de um lado, ligados a fatores de repulsão de emigrantes (crises
econômicas, guerras, conflitos em geral, fome, etc.); e, de outro, a fatores de
atração (oportunidades de emprego, sonhos de enriquecimento rápido, melhoria na
qualidade de vida, etc.).
Novos fluxos migratórios Em
meados do século 20, os fluxos migratórios internacionais conheceram uma
inversão. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), existem cerca de 200
milhões de migrantes no mundo, sendo que 60% deles são pessoas que saíram de
países subdesenvolvidos rumo a países desenvolvidos, tendo como principais
destinos os Estados Unidos (35 milhões, em 2000), a Europa (56 milhões, em
2000) e o Japão (1,5 milhões, em 1998). Porém, esse novo fluxo de imigração
internacional, acirrado pelas desigualdades entre os países desenvolvidos e
subdesenvolvidos, deve ser entendido a partir de dois momentos.
O primeiro deles ocorre entre a
década de 50 e fins da de 70, quando alguns países da Europa, os Estados Unidos
e o Japão estimulavam a imigração, a fim de conseguir mão-de-obra para ocupar
as vagas de menor qualificação e baixa remuneração, desprezadas por suas
populações locais. Os imigrantes, então, eram bem-vindos, mas controlados.
Geralmente, na Europa, chegavam imigrantes vindos de suas colônias (ou
ex-colônias); nos Estados Unidos, mexicanos eram convocados a trabalhar no
campo através do "bracero program"; e, no Japão, os
"dekasseguis" (trabalhadores brasileiros com ascendência japonesa)
eram bem recebidos.
Quanto ao segundo momento, da
década de 80 em diante, a intensificação do processo de globalização e a
ascensão do neoliberalismo trouxe maior pressão à abertura dos mercados e
acelerou o desenvolvimento técnico-científico, o que possibilitou maior
aceleração da produção e da circulação de mercadorias no mundo - e menor (ou
diferenciada) participação do Estado nos assuntos ligados à economia.
Todos esses elementos acabaram
permitindo às indústrias dos países ricos que elas migrassem pelo mundo, em
busca de novos mercados e de mão-de-obra barata, gerando crescente desemprego e
diferenças salariais entre os trabalhadores dos países desenvolvidos.
A crise dos refugiados
A crise dos refugiados tem como
uma das causas o aumento dos fluxos migratórios, fenômenos que acompanham a
humanidade desde os seus primórdios e cujos motivos podem ser os mais diversos,
embora o mais comum seja a busca por melhores condições de vida, ou seja,
migração econômica.
Todavia, há um tipo específico de
migrante, o refugiado, este se vê obrigado a fugir de seu país por sofrer
perseguição de qualquer natureza e temer por sua integridade física e pela
própria vida. Conflitos armados e guerras têm provocado o deslocamento em massa
de refugiados ao redor do mundo, principalmente de 2015 em diante.
Embora inicialmente se desloquem
no limite das fronteiras de seu país, em situações dramáticas faz-se necessário
buscar asilo em países vizinhos e, por vezes, em países distantes. Esse tipo
específico de migrante, reconhecido na década de 1950, tornou-se protagonista
na agenda de países e organismos internacionais nos últimos anos, quando houve
um ingresso em massa dele no continente europeu.
Causas da crise dos refugiados
Crises humanitárias movidas por
migração em massa são um fenômeno milenar. Por toda a história humana, houve
situações em que populações tiveram que fugir de perseguições, fome e guerras.
No entanto, conforme legislação internacional, o status de refugiado está
condicionado à migração motivada por situações de conflito violento, como
perseguição a uma etnia específica, conflitos armados localizados ou guerra
civil.
Portanto, as causas de uma crise
de refugiados estão relacionadas à violência, insegurança e ameaça à vida. As
crises motivadas por pobreza e fome são crises migratórias. Uma crise de
refugiados só pode ser assim definida se a causa for perseguição ou guerra.
Portanto, toda crise de refugiados é uma crise migratória, mas nem toda crise
migratória é uma crise de refugiados.
Além da definição de refugiados
como fugitivos de guerra e conflitos armados, nos últimos anos têm-se discutido
a emergência de uma nova categoria, os “refugiados climáticos”, referente às pessoas
que fogem de seus países por conta de catástrofes naturais resultantes das
mudanças climáticas. Essa categoria, embora esteja ganhando cada vez mais
espaço no debate público, não é reconhecida pela ONU nem por outras
organizações internacionais.