PODER E TERRORISMO








.TERRORISMO EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO

 O emprego sistemático da violência com o intuito de causar medo, isto é, o terrorismo, vem sendo utilizado por extremistas como arma, como instrumento de intimidação ou para chamar a atenção para uma causa há muito tempo. No entanto, nas últimas décadas o terrorismo não apenas se globalizou, como também passou a acometer mais e mais vítimas. O terrorismo, ou o suposto combate ao terrorismo, vem impactando as relações internacionais. O termo “terrorismo” vem sendo empregado exaustivamente, tanto por governos quanto pela mídia, para se referir a atentados e a grupos que cometem este tipo de violência. Contudo, no caso dos governos, às vezes, o uso do termo também possui motivação política, sendo feito para deslegitimar pessoas ou grupos oponentes, ou, ainda, para justificar ações violentas. Em outras palavras, quando um governo consegue convencer a opinião pública e a comunidade internacional de que seus opositores, dissidentes ou inimigos são terroristas, ele também consegue justificar o uso excessivo da força contra os mesmos. Os sucessivos governos estadunidenses, por exemplo, têm utilizado o combate ao terrorismo como pretexto para invadir territórios estrangeiros e para restringir a entrada nos EUA de pessoas provenientes de alguns países. Nas últimas décadas, alguns governos e organizações intergovernamentais passaram a classificar como terroristas determinados grupos políticos ou religiosos, seja por praticarem atos terroristas ou por financiá-los. Contudo, algumas vezes, uma mesma organização pode ser considerada terrorista por alguns governos enquanto é considerada legítima, ou até mesmo pacífica, por outros. A tentativa de associar o opositor ao terrorismo costuma resultar em disputas retóricas com governos inimigos acusando uns aos outros de cometer atos terroristas. Isto pode ser claramente percebido na atual crise entre os EUA e o Irã, em que os governos destes países acusam-se mutuamente de promover o terrorismo. Mas não é somente no campo da política externa que alguns governos classificam as organizações políticas opositoras de serem terroristas ou, pior, forjam atentados e acusam tais organizações de terem-nos cometido. No Brasil, em 1981, isto é, ainda durante a Ditadura Militar (1964-1985), ocorreu um evento emblemático. A fim de desgastar a imagem de grupos e movimentos opositores ao regime militar e de (re)intensificar a repressão, uma ala “linha dura” do governo ditatorial brasileiro tentou realizar um ataque a bomba para em seguida acusar supostos grupos revolucionários de cometê-lo. Esta ação, conhecida como “atentado do Riocentro”, acabou fracassando. Contudo, se tivesse sido “bem sucedida”, teria criado um pretexto para que o governo perseguisse (ainda mais) os seus opositores. Para não estigmatizar determinados povos, países ou religiões, é importante lembrar que o uso do terrorismo como arma não é exclusividade de um grupo político ou de fiéis de uma única religião. Em outras palavras, os ataques terroristas vêm sendo realizados por extremistas de diferentes religiões, por governos autoritários de diferentes países e por grupos armados de diferentes matizes ideológicas. Alguns grupos, se baseando em deturpações de valores religiosos ou políticos, têm recorrido à violência de maneira perversa, sacrificando inocentes em nome de suas causas. Alguns grupos ultrarradicais islâmicos, como o Daesh (autointitulado Estado Islâmico), a Al Qaeda, o Boko Haram e o Talibã, vem promovido atentados com grande repercussão internacional. A Al Qaeda, que se tornou mundialmente conhecida por ter arquitetado e executado os atentados às Torres Gêmeas nos EUA, em 2001, é uma organização altamente globalizada. O grupo opera em rede, com “células” espalhadas em todo o mundo. O Daesh também possui uma estrutura em rede altamente globalizada, contudo, este grupo também já chegou a controlar vastas áreas na Síria e no Iraque, entre 2014 e 2017. Depois das ofensivas de forças de vários países, esta organização perdeu o controle de praticamente todas estas áreas. Já o Boko Haram atua, principalmente, na Nigéria. Nos últimos anos esse grupo foi responsável pelo sequestro e morte de milhares de pessoas. Por fim, o Talibã, que chegou a governar o Afeganistão até a invasão norteamericana de 2001, atualmente tem a maior parte do grupo atuando clandestinamente no interior do Afeganistão e do Paquistão. Apesar desses apontamentos, é muito importante não estereotipar os mulçumanos nem a fé islâmica. Em primeiro lugar porque a maior parte das vítimas destas organizações são os próprios mulçumanos. Em segundo lugar porque a grande maioria dos mulçumanos condena tais práticas. Em terceiro lugar, por que existem grupos extremistas de outras religiões que também recorrem ao terrorismo. Antes da instalação do Estado de Israel, por exemplo, uma organização de extremistas judeus, a Haganá, praticava ações violentas na região e era considerada terrorista pelos britânicos, que controlavam a região naquele período. Já grupos que creem na Supremacia Branca, como a KKK2 dos EUA, por exemplo, muitas vezes realizam ataques terroristas contra negros, árabes, estrangeiros e homossexuais, alegando realizá-los em defesa dos valores cristãos. Para concluir, o maior atentado terrorista da história da Noruega, ocorrido em 2011, por exemplo, foi realizado por um fundamentalista cristão em nome da “pureza” de seu povo. Os exemplos não se esgotam. Como se vê, o terrorismo se tornou uma preocupação global. E em nome de um suposto combate ao terrorismo, a cada dia que passa, mais e mais países implementam leis antiterrorismo. Algumas delas têm sido bastante criticadas, pois preveem ações que ferem os direitos humanos. Deste modo, como se não bastasse a violência perpetrada por grupos extremistas, alguns governos se valem do pânico causado pelo terrorismo para realizar ações excessivamente violentas. Nos últimos anos, além da Doutrina Bush, muitos outros planos estratégicos – nacionais e internacionais – de combate ao terrorismo vêm sendo realizados. Neste sentido, juntamente com a globalização do terrorismo, percebemos que está ocorrendo também uma globalização das políticas antiterrorismo. Está é, sem dúvida, uma das principais marcas da atual Ordem Geopolítica Mundial. A influência das políticas internacionais de combate ao terrorismo tem alcançado países do mundo inteiro. Nem mesmo o Brasil se safou desta tendência global. Em 2016, por exemplo, foi promulgada uma Lei Antiterrorismo3 no país. Como era de se esperar, também não há consenso sobre a mesma. Enquanto alguns defendem a sua necessidade para prevenir atentados terroristas, outros temem que tal Lei propicie um abuso de poder por parte das forças de segurança do Estado. Muitas organizações civis e defensoras dos direitos humanos vêm criticando tal legislação, afirmando que a mesma pode servir como um instrumento para criminalizar movimentos sociais e silenciar a oposição política. Seja como for, nunca nos esqueçamos do “atentado do Riocentro”!

QUESTÕES:

 1) O que os números revelam sobre o terrorismo islâmico?

 2) O que os números revelam sobre o terrorismo nos EUA? 

3) Qual a região que mais sofre com ataques terroristas suicidas? E qual país? 

4) Diferencie guerra convencional de guerra assimétrica. Por que as últimas são mais imprevisíveis?

 5) Faça uma pesquisa na Internet sobre o “atentado do Riocentro”. Em seguida, responda:

 a) O que foi o “atentado do Rio Centro”? Quais eram as motivações da ala “linha dura” do governo? 

b) Quais relações podemos fazer entre este evento e a “guerra ao terror” promovida pelos EUA?



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