Alphaville, SP - Exemplo de
periurbanização, ou seja, da expansão
periférica da mancha urbana. A característica singular da periurbanização é a
formação de subúrbios separados da mancha urbana contínua.
“O espaço das metrópoles sempre foi
dividido em numerosos subespaços, diferenciados tanto pela idade das construções
e o conteúdo humano quanto pelas atividades que nele se localizam. A imbricação
(1) desses fatores fraciona a grande cidade em unidades complexas, cujas
articulações se traduzem por relações e deslocamentos intensos (...).
O esquema clássico opõe o centro da
cidade, mais ou menos dividido em centro de negócios, centro de vida etc., aos
bairros residenciais ou industriais. A evolução recente permite imaginar um
futuro nitidamente distinto, ao menos para as grandes cidades que se tornarão
as metrópoles de amanhã. O rápido desenvolvimento de suas funções de comando
acompanha-se de localizações mais diversas dessas atividades e do [setor] terciário
que as acompanha: vêm-se nascer multipolaridades, núcleos de atividades nos
lugares atrativos das periferias. Identificar as necessidades em imóveis de
escritórios dessas novas concentrações, atuar sobre o seu dinamismo por uma
reorganização dos sistemas de transporte urbano e suburbano são e serão cada
vez mais as tarefas do urbanizador de hoje e de amanhã.
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As encruzilhadas da circulação
internacional, estações ferroviárias e aeroportos são com freqüência os
suportes dessas novas localizações. Suas cercanias tornam-se os espaços de
acolhida de todos esses fluxos de pessoas e mercadorias. Da qualidade que se
souber dar-lhes dependerá em parte a capacidade da grande cidade para conservar
e desenvolver o seu papel de metrópole. Os novos pólos do espaço urbano devem
ser os pontos sensíveis em que o arranjo das construções e sua arquitetura
buscam dar uma imagem moderna, dinâmica e atrativa da cidade.
O esquema clássico do centro da
cidade comporta o seu corolário (2), com os “subúrbios” e sua diversidade econômica
e social. As tendências recentes da periurbanização (3) incitam a fazer alguns
corretivos e permitem aventar algumas hipóteses para o futuro.
O mito da residência no campo,
fundado numa publicidade que não vende casas, mas um ‘estilo de vida’, vai se
perpetuar, ou mesmo se amplificar na mente dos citadinos (4) irritados pelo
barulho e pela poluição da cidade grande? Do meu ponto de vista, a resposta não
é unívoca (5). Cumpre, antes de tudo, levar em conta a distância-tempo entre a
casa e o local de trabalho. Com a multipolaridade progressiva da metrópole, os
transportes em comum, organizados em função da predominância do centro da
cidade, atendem mal às necessidades, o carro individual se choca com os
engarrafamentos e os custos. (...) Outro fator pode pesar sobre o futuro desse
modo de habitar: a insegurança crescente ligada à pequena e média delinqüência.
Vê-se isso mais claramente nas grandes cidades da América do Sul, mais ameaçadas
hoje do que as européias; mas também estas não virão a ser influenciadas por
esse ‘flagelo’?
Em São Paulo, as pessoas abastadas
(6), até uma época recente, sempre optaram pela residência individual nos
bairros mais afastados do centro (...) A insegurança, mais que a distância,
provoca uma mudança: não podendo voltar para casa sem arriscar-se a sofrer uma
agressão num cruzamento (...) muitos ricos preferem hoje o imóvel residencial
na cidade, com um único grande apartamento por andar e forte proteção na
entrada: grade, guarda etc. Assim se transformou, por exemplo, o tradicional
bairro de Higienópolis, perto do centro da cidade, onde as antigas casas foram
substituídas por imóveis de luxo de quinze a vinte andares. Essa nova demanda
pesa sobre a transformação do velho tecido urbano e tende a devolver à
periferia seu papel de zona residencial para os pobres: estes foram expulsos
das zonas degradadas da cidade pelo impulso da renovação destinada aos ricos
(...).